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Danças do Oriente

Raqs Sharqui 

 

Pode-se dizer que a Raqs Sharqui é o estilo mais contemporâneo das danças do Oriente Médio. Surgiu na década de 30, 40 por influência do balé clássico trazido pelos russos que se instalaram no Oriente durante o regime comunista em seu país de origem. Vale lembrar que Raqs significa dança e Sharqui, Leste ou Oriente. Suas características são muito específicas: a música é orquestrada; o véu costuma ser o elemento de entrada da bailarina e os movimentossão mais alongados, altivos, expansivos e glamourosos.

É importante estar atento a essas características para diferenciar os diversos tipos de danças provenientes do mundo árabe que também fazem parte do repertório de algumas bailarinas.

 

 

Véus

 

O véu tem muitos significados culturais no Oriente. É parte da rotina de todos os homens e mulheres por diversos motivos: necessidade de protegê-los das extremas condições climáticas, religiosidade, ou adorno. Para as mulheres orientais, o véu pode até representar um peso, por isso livram-se rapidamente dele.  Já as ocidentais têm uma relação mais romântica com o véu, visto de forma mágica, misteriosa, sedutora e leve. Por isso desenvolveram técnicas mais criativas, como a do Duplo Véu - dança em que a bailarina demonstra grande desenvoltura ao cobrir-se e descobrir-se com eles, segurando-os ao mesmo tempo. Outro exemplo é a dança dos Sete Véus que não é apresentada no Oriente e muitos acreditam ser uma criação hollywoodiana. Mas pode haver relação com as danças sacras e rituais dedicados à Deusa Ísis. Nas danças do Templo a nudez era sagrada. Despir-se véu a véu era símbolo de entrega, humildade e alegria, por revelar no corpo, a manifestação divina.

 

 

Dança com Espada

 

Existem muitas histórias associadas à origem da dança com a Espada. Nas ruas as filhas dos comerciantes exibiam a espada equilibrando-as ou dançando graciosamente para seduzir possíveis compradores e talvez atrair um bom casamento. Outras histórias contam que as mulheres dançavam com a espada dos soldados para diverti-los ou lembrá-los que esse instrumento pode ter melhor utilidade. Nos rituais era utilizada para homenagear deusas guerreiras ou relacionadas à Justiça, como Neit e Maat , por exemplo. 

Símbolo de poder, a espada merece respeito, pois é capaz de trazer à consciência uma cura profunda, cortar amarras e re-estabelecer o equilíbrio.

A dança com a espada pode romper o estereótipo da bailarina sempre dócil, receptiva e sedutora. Desperta outras faces da mulher: justiceira, forte e muito sábia.

 

 

Dança com Candelabro e Taças

 

É costume no Oriente, a bailarina abrir o cortejo dos noivos, iluminando seu caminho ao equilibrar um candelabro com habilidade enquanto dança. Ritualisticamente, o fogo sagrado é o símbolo da vida. Já a Dança com Taças pode ser uma vertente da dança do candelabro ou talvez da dança com pratos e velas acesas, executadas por mulheres bem casadas na Índia.Por isso a dança com fogo também está presente nos batizados e aniversários. Tem o poder de iluminar, aquecer e transformar. A música lenta e introspectiva favorece o estado meditativo da bailarina que pode abraçar sua sombra e renascer mais consciente, humilde e iluminada.

 

 

Dança com Zagats ou Snujs

 

Os Zagats existem há mais de três mil anos. Eram tocados pelas sacerdotisas nos rituais para atrair uma atmosfera mais positiva e elevar as vibrações do ambiente. Estes címbalos de metal podem ser de diferentes tamanhos - grandes, pequenos, médios, com timbres altos ou baixos. Utilizados como acompanhamento rítmico, exigem habilidade e conhecimento dos ritmos árabes para que o toque possa ser apreciado com clareza. Qualidades adquiridas a partir da prática e do amor pelo instrumento.

 

 

Dança com Bastão (Egito)
ou com Bengala (Libano)

 

Dança com Bastão (no Egito) ou da Begala (no Líbano) 

Na região de El Said, na parte mais alta do Egito, os pastores utilizam longos cajados chamados “shoumas” para caminhar e defender o rebanho. No fim do dia eles regressam e dançam com seus shoumas simulando lutas. O ritmo recebe o mesmo nome dessa região: Saaid. Com o passar do tempo, as mulheres começaram a dançar com bastões menores ou bengalas, fazendo uma paródia da dança masculina e sugerindo um flerte durante a dança. Tradicionalmente, as bailarinas usam um vestido solto, lenço amarrado no quadril e outro na cabeça. Os movimentos são alegres e bem descontraídos porque também configuram o momento de lazer no fim do dia depois da jornada de trabalho. Outros significados simbólicos que podem ser atribuídos ao bastão: responsabilidade, liderança e delimitação do território.

 

 

Dança com Pandeiro

 

Assim como o punhal, o pandeiro egípcio ou “daff”, é característico das danças ciganas. As músicas são alegres e bastante rítmicas, inspirando a bailarina a faze marcações do pandeiro em diferentes partes do corpo. Crie um figurino próprio se você deseja homenagear a cultura desses povos que tanto enriqueceram a arte da dança. Pesquise os adereços das “gawazes” e as vestes antigas. Os coletes, calças bombachas e lenços triangulares são bem vindos. E principalmente, desfrute dessa dança que desperta, inspira e energiza o corpo. 

 

 

Dança com Jarro

 

Nas festas do povo a bailarina interpreta com alegria movimentos associados às tarefas do dia. A Dança do Jarro retrata a rotina das mulheres que caminham de sua tenda até o oásis ou às margens do Nilo para buscar água. As músicas são alegres e geralmente falam desse elemento vital. Nos rituais, a Dança do Jarro era realizada após os nascimentos para trazer abundância e outras bençãos à criança.

 

 

Khallege

 

Dança folclórica típica do Golfo Pérsico. É uma dança circular embalada pela pulsação constante do ritmo soudi. As mulheres usam túnicas ricamente bordadas e se reúnem em roda para conversar e dançar. Os movimentos são repetitivos e exploram a soltura da cabeça e o balanço dos cabelos. Geralmente a dona da casa puxa a roda chamando as convidadas, uma a uma. É um momento descontraído que alegra a rotina das mulheres.

 

 

 

Outras Danças

 

O mundo árabe é vasto e sua riqueza cultural também. Existem muitas outras danças presentes até hoje em seus costumes e que nem sempre fazem parte do repertório das bailarinas de dança do ventre, como por exemplo: Dança Núbia; Guedra; Bandali... Se você deseja dançá-las, é importante pesquisar com amor e cuidado para respeitar a cultura e traduzir a essência de cada uma. Vale lembrar também que há quem diga que todo tradutor é um mentiroso porque tudo que sai de seu contexto de origem perde características e significados. Porém, a arte permite ao artista imprimir a sua experiência pessoal e criar algo novo que dá impulso, inspira e movimenta a vida.  Sugiro que você pesquise profundamente sobre o que irá apresentar e mais que isso, sugiro que você se conecte com um bom propósito para criar e recriar sua arte amorosamente e da melhor forma possível, bjo, Yasmin.

 

 

 

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